A Coroa da Ruína, 2ª Parte: Burocracia em Marantel, sessão II

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No dia 03/04/2016 das 15:00 as 18:00 ocorreu a 20ª sessão de Arzien com a participação de 100% dos jogadores do Grupo 1.

Nesta sessão os heróis LiamHejaz Thorjan procuram a autorização das três igrejas para adentrar ao Cemitério dos Guerreiros Derrotados. Porém descobrem que não vai ser tão simples assim..

Essa é a quinta sessão da aventura “A Coroa da Ruína”.

Confira as últimas sessões:

Próximos passos..

Após deixarem a Catedral da Aurora Radiante, ao meio-dia, Hejaz e Liam se reencontram com Thorjan na Taverna do Rei Fantasma. Enquanto almoçam, os heróis discutem os próximos passos, já que havia uma burocracia a ser resolvida: eles precisavam da autorização das três igrejas de Marantel para adentrarem ao Cemitério.

Liam, apesar de dotado de um carisma e persuasão excepcional, sabia que o assunto era delicado. Dentre os três, Hejaz seria o mais adequado para lidar com toda esta relação entre as Igrejas.

Fica acordado então que o trio iria se dividir. Hejaz iria até a Igreja do Juramento da Espada enquanto Liam e Thorjan buscariam mais informações sobre o cemitério em outros pontos da cidade.

Quartel da cidade

Liam e Thorjan buscam informações no quartel militar. Eles percebem que a guarda local estava muito envolvida com os preparativos para o Festival do Pacto a ser realizado dentro de 4 dias, não estavam tão preocupados com os assuntos do cemitério. Liam interrogou alguns soldados em busca de informações, porém sem sucesso.

O elfo chegou a conversar com um sargento sobre os ladrões de tumbas e os objetos roubados do cemitério e se haviam prendido alguém. Entretanto, o anseio em saber mais informações fez com que o sargento desconfiasse do feiticeiro. Liam foi alertado a  ficar longe do cemitério e de quaisquer envolvimentos com objetos roubados. O comércio desses objetos e relíquias antigas era considerado crime.

A dupla deixa o local antes que pudessem atrair problemas.

Igreja do Juramento da Espada

Enquanto isso, Hejaz segue sozinho até a Igreja do Juramento da Espada. O Radiante há muito tempo, desde a época que era um acólito, chegou a conhecer as outras ordens religiosas de Marantel. A igreja do Juramento da Espada estava do mesmo jeito, com suas altas torres  de pedra, passagens em arca e muros altos, lembrando um torreão ou pequeno forte. As igrejas de Heinvarg sempre foram construídas deste jeito, para lembrar que o Senhor da Justiça e da Bravura e seus seguidores sempre estariam preparados para a guerra contra o mal.

Igreja_Juramento_da_Espada Arzien O Último Período
Igreja do Juramento da Espada, Deus Heinvarg, Cidade de Marantel.

Ao se aproximar, Hejaz encontra dois clérigos de Heinvarg, vestindo camisões de malha, capas azuis, exibindo símbolos sagrados de metal no peito, espadas embainhadas e escudos grandes nas costas. Respeitosamente, o clérigo da luz pede para entrar pois gostaria de marcar uma audiência com o Bispo Derion Halvern. Reconhecido como um Radiante, Hejaz é cumprimentado pelos clérigos de Heinvarg, que pedem para que ele adentre na Igreja enquanto levariam seu recado.

Hejaz adentra ao local e logo percebe que algumas coisas mudaram, porém seus fabulosos arcos e colunas antigas feitas de rocha ainda estavam sustentando toda a igreja que possuí 210 anos. O Juramento da Espada era a terceira igreja de Heinvarg em Marantel. A primeira havia sido destruída por uma invasão de hordas orcs remanescentes da época de Temorkar em 80 VII Prd. A segunda, erguida em 108 VII Prd, terminou sendo fechada e vendida para o Condado de Marantel devido a dívidas e problemas financeiros em 322 VII Prd. Durante esses duros anos Dulamar passou por problemas financeiros.

A Igreja do Juramento da Espada foi erguida como a terceira igreja de Heinvarg em 358 VII Prd, por ordens e recursos da Igreja matriz de Arantur. Em 421 VII Prd a Igreja consegue se restabelecer e criar sua própria diocese, sendo regida desde então por um Bispo, ao invés de Vigário.

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Interior da Igreja do Juramento da Espada.

Pensativo, enquanto observa a estrutura interior da igreja, Hejaz, percebe uma pessoa caminhar a passos firmes vindo do centro do salão. Um homem robusto, de seus 50 a 60 anos, cabelos longos e grisalhos, barba bem feita, olhos azuis profundos, vestindo trajes sacerdotais, com um manto marrom preso por um broche prateado. Este homem, conhecido por Hejaz desde sua infância, era o Bispo Derion Halvern, um homem pragmático, honrado e que, após abandonar a carreira de aventureiro, dedicou sua vida a manter a Igreja do Juramento da Espada.

Hejaz não fica surpreso ao ver que Bispo veio pessoalmente recebê-lo. Ele era um homem sábio, dotado de palavras duras e diretas, sempre preocupado em manter a ordem e justiça na Igreja e no Condado. O Bispo Derion não perdia tempo com firulas ou graus hierárquicos, sendo um pouco diferente de outras autoridades de Heinvarg. O culto ao deus Heinvarg sempre foi muito subdividido em castas eclesiásticas rígidas, semelhantes a ordens militares.

Bispo Derion Halvern: Hejaz Gorwill, o mais recente Radiante de Mylanian. Pode não saber, mas o conheço bem. Sei que é filho de Angus Gorwill, respeitado cavaleiro do condado. Soube dos seus feitos no cemitério e, a julgar que veio pessoalmente solicitar uma audiência, certamente busca minha autorização para retornar ao local. Bem, então não percamos tempo. Eu queria falar com você, mesmo sabendo que dedica sua vida a espalhar o nome da Deusa em sua jornada como um Clérigo, eu sabia que retornaria a sua cidade natal cedo ou tarde.

Surpreso por ter sido reconhecido por uma autoridade de outra igreja, Hejaz cumprimenta o Bispo, um homem respeitado, não só por carregar o sobrenome da rica família Halvern, mas pela sua objetividade e altivez. Sem delongas, Derion convida Hejaz para conversarem em um local mais reservado.

Derion guia Hejaz até uma sala de reunião no interior da Igreja. Lá, o Radiante explica os motivos de querer regressar ao cemitério ao revelar a história sobre a Coroa da Ruína e o envolvimento de um misterioso arcano chamado Vasharn. A segurança de todo Condado de Marantel está em perigo, já que os poderes deste item são desconhecidos.

O Bispo Halvern fica surpreso com toda a revelação e com a existência de uma coroa amaldiçoada, já que nunca ouviu falar sobre isso. Derion volta a lembrar a Hejaz que o Rei Ferthgull Baliankor III morreu como um mártir, um herói, ao lado do último exército da Kinária. Milhares morreram para impedir o avanço da Horda de Temorkar e que, na época, se não fosse isso, o General Valenax Arantur não teria tempo de reeorganizar os exércitos e se tornar regente. Certamente todo o reino estaria condenado.

Ele volta a lembrar a Hejaz os motivos do cemitério estar bloqueado, por conta do mal que se espalhou após aventureiros e ladrões de túmulos adentrarem ao local. As consequências foram desastrosas: invasão de mortos-vivos na cidade (dentre eles sombras, carniçais e até espectros), desaparecimento e morte de pessoas, além de todo o terror que assombra até hoje as noites de Marantel, obrigando a instauração de um toque de recolher para a segurança das pessoas. Todos eles eventos foram subsequentes a entrada de Hejaz e seu grupo ao Cemitério dos Guerreiros Derrotados, época em em que recuperaram o Escudo Raio do Dia (mais de 8 meses atrás).

O Bispo diz acreditar na história de Hejaz, porém não vai assinar nenhum documento autorizando sua entrada enquanto ele não convencer os membros das outras duas Igrejas.

Ele lembra a Hejaz que a proteção do cemitério está sob a jurisdição da Igreja do Juramento da Espada e que adentrar ao local sem autorização é um crime severo. Se ele o fizer, sem o consentimento das Igrejas, vai ser punido.

No fim, Derion Halvern diz a Hejaz que o incômodo gerado desde sua última missão no cemitério causou tudo isso e que ele espera que consiga convencer as Igrejas de Arantos e Mylanian.

Hejaz Gorwill agradece ao Bispo a confiança depositada e que iria atrás dos documentos necessários para que possa entrar no local sem desobstruir nenhuma lei.

Bispo_Derion Arzien O Último Período
Bispo Derion Halvern, autoridade máxima de Heinvarg em Marantel.

 

Templo da Casa da Piedade

Liam e Thorjan reencontra Hejaz saindo da Igreja do Juramento da Espada. O Radiante explica o que aconteceu e que precisam seguir imediatamente para o templo de Arantos.

Ao se aproximarem do Templo da Casa da Piedade, por volta das 16:00 da tarde, os heróis percebem uma construção diferente dos outros templos. Era um templo simples, feito de rocha, coberto por telhas de argila, com um sino no alto.

Um carvalho repousava próximo a entrada do templo, fazendo sombra para os visitantes. Antigo, a árvore balançava ao movimento dos ventos. Seus galhos estavam secos e as folhas alaranjadas caídas, espalhadas por vários pontos ao redor da construção. Alguns corvos gralhavam do alto do carvalho, alertando a presença dos heróis. Ventos frios sussurravam, causando um leve arrepio nos heróis ao mesmo tempo que espalhavam mais ainda as folhas secas pelo chão.

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Templo Casa da Piedade, Deus Arantos, Cidade de Marantel.

Um homem vestindo pesadas túnicas marrons varria a entrada do templo, removendo as folhas com uma vassoura de piaçaba, amontoando todo o lixo em um barril com rodas. Ao perceber a presença dos heróis, ele os observa com um olhar cansado. Ao se aproximarem, Hejaz toma a frente do grupo e cumprimenta o homem e diz que precisava encontrar o Frade Robert Shiller pessoalmente. O homem nada responde, apenas aponta em direção ao pesado portão de madeira e em seguida deixa a área.

O comportamento soturno do homem não surpreende Hejaz. Ele sabia que os devotos de Arantos eram homens cheio de votos, obrigações e eram bastante discretos. Então, o clérigo bate no pesado portão de madeira.

Em seguida sons de fechos de metal e chave podem ser escutados e o portão se abre. Um homem de barba negra, vestido com pesados robes marrons, presos por uma corda de cânhamo, observa os heróis e diz:

Clérigo de Arantos: Visitantes, o que desejam na Casa da Piedade?

Novamente Hejaz explica que precisava marcar uma audiência com a autoridade máxima do templo. O clérigo questiona o motivo e Hejaz explica que precisa da autorização do Frade Shiller para adentrar ao Cemitério, pois ele e seus amigos estavam em uma importante missão. O acólito de Arantos então explica que para se encontram com o Frade precisavam trazer uma carta de convocação para audiência escrita por uma das autoridades dos templos de Mylanian ou Heinvarg.

Neste instante, os heróis notam um senhor idoso ao lado de uma criança segurando uma haste com dois baldes nos ombros irem em direção ao templo. O senhor, que vestia pesadas túnicas amarronzadas, era calvo, tinha barba branca e era bem magro. Hejaz reconhece o idoso como sendo o Frei Wilson, o homem mais velho do Templo de Arantos. Hejaz se recorda quando era garoto conheceu pessoalmente o Frei, na época o responsável pela Casa da Piedade. Ele sempre foi bastante solicito e atendia a todos com uma grande humildade. Mas, dessa vez ele estava diferente.

O Frei Wilson, que estava com um olhar cansado, com olheiras, observa o trio de heróis e não diz uma palavra, apenas adentra no Templo.

Frei-Wilson Arzien O Último Período
Frei Wilson, sacerdote de Arantos da Igreja da Casa da Piedade.

Hejaz ainda tenta convencer o clérigo que se trata de uma urgência. Entretanto, o acólito é intransigente e direto, dizendo que eram as condições para o Frade Robert Shiller receber visitantes.

De mãos atadas, e surpreso pela extrema burocracia e rispidez,  Hejaz diz aos seus companheiros que precisavam voltar à Catedral de Mylanian para que conseguissem uma autorização da Arcebispa Anabelle.

Enquanto se dirigiam em direção a Catedral, os heróis avistam uma misteriosa carruagem seguindo por uma estrada que sai dos fundos do Templo. Chama atenção pelo cocheiro estar usando um manto com capuz e da carruagem seguir com velocidade. O símbolo de Arantos podia ser visto preso em uma haste na lateral da carruagem.

Seria o Frade Shiller? Porque ele não os recebeu? Pensam os heróis.

Este estava sendo um longo dia…

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Carruagem misteriosa vista saindo do Templo da Casa da Piedade.

Catedral da Aurora Radiante

Após deixarem o Templo da Casa da Piedade, o trio segue de volta à Catedral da Aurora Radiante. Lá Hejaz procura novamente o Vigário Cássio Polendarth, mas ele estava ausente. Gorwill então procura informações sobre a localização da Arcebispa. O radiante e seus amigos são auxiliados por uma sacerdotisa, a qual avisa que a Arcebispa estava em sua caminhada de fim de tarde nos jardins.

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Catedral da Aurora Radiante, Deusa Mylanian, Cidade de Marantel.

 

Ao chegarem nos belos jardins da Catedral, o trio avista uma sorridente e carismática senhora idosa, de seus 70 anos, vestida com belos trajes azuis, usando um colar fino com uma bela pedra dourada, da mesma cor dos seus brincos. Era Anabelle Sunshine, Arcebispa de Mylanian, autoridade máxima da Deusa da Luz em todo Reino de Dulamar.

A Arcebispa estava cercada por jovens e crianças, contando histórias e pregando a palavra da Deusa da Luz. Através de versos e trechos de escritos sagrados, a Arcebispa atraía total atenção das crianças. Anabelle sempre foi bastante entusiasta com jovens, pois, como ela sempre dizia que “via  nos olhos dos jovens o brilho de um amanhã carregado de esperança”. 

Dotada de alta sabedoria e cognição, Anabelle é vista como uma grande mãe por todos os clérigos e sacerdotes da Catedral. Ela já cruzou diversas cidades e reinos longínquos como uma oradora devota da Deusa da Luz.

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Arcebispa Anabelle Sunshine, autoridade máxima da Catedral da Aurora Radiente.

 

Ao perceber a presença dos heróis, Anabelle se despede dos jovens e crianças. Em seguida o Radiante faz uma reverência à Arcebispa que retribui com um aceno com a cabeça e sorriso amigável no rosto. Hejaz apresenta seus companheiros Liam e Thorjan, que também a cumprimentam respeitosamente. Em seguida Anabelle pede para que o Radiante se aproxime, para que possa examiná-lo enquanto caminham pelos jardins.

Como uma verdadeira mãe, Anabelle analisa as condições físicas de Hejaz e fica feliz por ele estar bem, apesar de visivelmente cansado. Hejaz, que se mostra honrado por estar na ilustre presença de Anabelle, agradece a preocupação, porém diz que possuía assuntos sérios a tratar. Prontamente Anabelle escuta o que o Radiante tem a dizer.

Após Hejaz contar brevemente toda a história sobre a Coroa da Ruína, sobre Vasharn e da necessidade de ir ao cemitério, Anabelle diz que já estava sabendo grande parte da história por conta de Cássio Polendarth e que já aguardava a sua vinda.

A Arcebispa diz que Hejaz tem a sua autorização de adentrar ao local, porém que devesse tomar muito cuidado. Suas palavras foram:

Arcebispa Anabelle Sunshine: Meu filho, sabe que considero como um prodígio, desde pequeno sabia que iria se destacar e ser um grande clérigo devoto da Deusa. Porém, sinto um aperto no coração, sei que a Deusa quer me alertar de alguma coisa. Quando soube da sua chegada, senti que toda essa minha aflição estava ligada a você. Por isso, Radiante, tome cuidado. O Cemitério é um local ancestral. Aquela terra foi um antigo campo de batalha, inundado de dor e sofrimento. Os mortos lá enterrados foram importunados por forças malignas dezenas de vezes no passado. Houveram várias incursões religiosas para tentar apaziguar os espíritos. Muita da magia negra e corrupta feita no passado ainda permanece nas suas cercanias. O poder corruptor foi tanto que o terreno se tornou amaldiçoado. Nada pôde ser feito no passado, apenas construir lápides de pedra, abençoar os campos e criar as grades abençoadas que os cercam. Nosso dever é proteger os vivos e impedir que o mal que adormece naquele campo possa escapar de lá. Portanto, cuidado com sua missão. Eu sei que a Deusa não o enviaria novamente para lá sem motivos. Eu o abençoo em sua jornada, meu filho. Você e seus amigos.

Hejaz agradece toda a confiança depositada nele e seus companheiros. O Radiante também diz para que Arcebispa não ficasse preocupada, pois a fé em Mylanian e a força dos seus aliados iriam protegê-lo. Ela pega a carta assinada da Arcebispa e se despede, não antes de realizar uma oração em nome da Deusa da Luz.

Sem perder tempo, o trio de heróis deixa a Catedral da Aurora Radiante por volta das 18:00 e seguem de volta a Casa da Piedade. Agora, Hejaz precisava convencer o Frade Robert Shiller para que lhe entregasse a carta de autorização.

A sessão termina neste momento.

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Sobre o Autor: Bruno Gonçalves

Mestre Aposentado, criador do cenário de campanhas Arzien, jogador de RPG a mais de 18 anos nos diversos cenários dos mestres da Orbe dos Dragões. Atualmente escreve sobre RPG, Dicas de Mestre e Cenários de Campanha.

1 Comment

  1. Para Hejaz, muita coisa havia mudado após sua última aventura no cemitério, de onde havia extraído o escudo raio do dia. Uma ferramenta que era para proteger dos excessos estava sendo usada de forma torpe, a burocracia altamente estimulada pelo representante máximo de Arantus estava embaraçando os propósitos do trio. Mas tudo dou explicado na última sessão. Foi surpreendente. Excelente jogo.

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